quarta-feira, 20 de março de 2013

“Para fazer um personagem bem feito, você precisa se colocar no lugar dele”, diz Antonia Fontenelle

De acordo com Antonia, Marlene tinha tudo para ser odiada, mas acabou caindo no gosto do público (Foto: Munir Chatack/Rede Record)

Em Balacobaco, Antonia Fontenelle é Marlene, uma mãe protetora, uma esposa fiel e, acima de tudo, uma mulher um tanto quanto maluca. Desesperada para achar um homem rico para Luiza, a loira não poupará esforços até garantir um bom futuro para a filha. Para falar um pouco mais sobre uma das personagens mais engraçadas da novela, batemos um papo com a atriz Antonia Fontenelle. Veja abaixo como foi a entrevista.

A cena em que Marlene segue Aragão até um canil foi problemática (Foto: Munir Chatack/Rede Record)

Balacobaco - Como tem sido fazer a Marlene?

Antonia Fontenelle - Eu estou adorando fazer a Marlene. Meu núcleo é divertidíssimo, eu adoro o elenco. A novela virou uma família, né? Acho que foi providencial. A Marlene veio na hora certa na minha vida.

Balacobaco - Você se identifica com a Marlene de alguma maneira?

Antonia Fontenelle - Ela é amorosa. É a única coisa com a qual eu me identifico da Marlene. Ela tem essa coisa de proteger os dela, ela é bacana com as empregadas. Dentro da loucura dela de querer encontrar um homem rico para a filha, o único intuito é o de proteger a filha. Eu sou mega mãe protetora. Agora, como é novela, a Marlene vai a um tom acima, o único objetivo dela é achar um homem rico para a filha.

A Marlene ficou uma personagem bacana, porque ela tinha tudo para ser uma mulher odiada. Por quê? Porque a vida inteira, desde o primeiro capítulo até hoje, o fio da meada que conduz a Marlene é o homem rico para a filha. E poderia ser chatíssimo ficar nesse lengalenga a novela inteira. E, no entanto, a Marlene agrada para caramba – e agrada às senhoras. Outro dia, em conversa com a autora, Gisele Joras, ela me disse: “As senhoras adoram a Marlene”. Outro dia um cara me parou na rua e disse: “Minha mãe faz bolinho de chuva em homenagem à Marlene, que é o bolinho preferido dela”. Isso é tão bacana, porque ela é mulher de um homem que tem idade para ser mais do que pai dela. E ela gosta dele de verdade, ela cuida dele de verdade. Ela o protege. Então, a Marlene é parecida com a Antonia nesse sentido, de proteger. Eu sou superprotetora dos meus homens, quando eu estou casada. Sou protetora do meu filho. Eu sou uma leoa! Eu sou protetora dos meus amigos. Eu protejo os meus. E na sinopse ela era uma alpinista social. Aí eu pensei: “Ela vai ser odiada”. E inverteu o jogo, ela é bem querida. E é muito bacana isso; num assunto bem delicado você conduzir de forma que as pessoas gostem da personagem.

Balacobaco - A Marlene e a Dolores vão se dar bem a partir agora?

Antonia Fontenelle - Sim, elas já se adoram. Agora, eles já dormem na cama juntos, os três. Ela chama a Dolores de filha. Protege a Dolores com unhas e dentes. Está ótima a relação dela com a cachorra agora.

Balacobaco - Como foi fazer a cena da gravidez psicológica da Marlene?

Antonia Fontenelle - Foi bem difícil. A Marlene contou que não estava grávida no seu chá de bebê. Ela descobriu no dia da festa. Então, ela voltou para casa e estava meio elenco da novela para comemorar o chá de bebê, e no meio daquele clima de festa eu tinha que estar muito concentrada, muito triste para dizer para a Luiza que eu não estava grávida e tal. E depois sair correndo para contar para o Aragão. É difícil, no meio desse clima, você fazer cena de drama. Graças a Deus, eu nunca sofri disso, mas eu conheço pessoas que já passaram por isso e é muito triste, porque a pessoa quer muito e ela cria aquilo e se sente grávida. Depois, ela descobre e é como perder um filho mesmo.

Balacobaco - Você estudou para fazer essa cena?

Antonia Fontenelle - Não. Eu sou formada em artes cênicas, estudei com diversos mestres. E uma coisa que eu aprendi e carrego para mim é: para você fazer um personagem bem feito, seja ele quem for, do mais raso ao mais profundo, você tem que se colocar no lugar dele. Você tem que entender aquela alma. Quem é essa pessoa? Ah, ela é uma psicopata e mata por isso e por isso. OK. Aí você procura se colocar no lugar daquela pessoa e entender o universo dela. Se você fosse aquela pessoa, como você agiria? Tem gente que faz laboratório e passa um dia em tal lugar. Acho que o laboratório é legal para você pegar a técnica da coisa. Se eu vou fazer uma cabelereira, eu tenho que aprender a pegar na tesoura e os trejeitos da cabelereira. Agora, o comportamento interno, as ações, as reações é teu, não existe técnica para isso. Você tem que se colocar no lugar daquela pessoa.

Quando eu fiz um travesti no teatro, eu falei: “Eu não vou saber fazer esse travesti”. Porque a ideia que eu tinha de travesti era aquela coisa estereotipada, que vai para as ruas e tal. E não é. Eu estudei muito sobre o assunto. Eu conheci travestis que são mil vezes mais femininas do que eu. Aí eu fui entender a alma daquele travesti. Eu vou sempre por esse caminho: “Quem é essa mulher?”. E quando o personagem é bem raso é mais difícil ainda.


Portal R7



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